Re-sentindo

Por algum motivo, sentir novamente virou uma coisa ruim, ressentir. 

Pois hoje estou re-sentindo. Coisas boas. 

Isso me acontece bastante, pois passo muito tempo sozinha. Vivendo num mundo meio louco, mistura de um pouco de mim hoje, um tanto de tudo e todos que vivi, e um bocado de ansiedade-nostalgia de um futuro próximo. Então um tanto do que sinto não passa de re-sentimentos.

Um professor já me disse que todo meu sofrimento tem origem na infância - sensação de abandono e não ser mais o centro das atenções. Sofremos apenas variações desse trauma. Não sei se vem daí, mas eu às vezes sinto solidão. 

Então os re-sentimentos vêm me salvar dessa fantasia de solidão que vivo aqui. Não estou só, apenas distante. Hoje foi o e-mail de uma amiga me contando do fim de uma solidão sua, que sumiu na nossa casa, em minha companhia. Achei bem bonito, e não sei se ela sabe, mas hoje eu re-senti o fim da solidão dela, em mim. Peguei emprestado o sentimento, e coube direitinho.

Eu sozinha em uma noite fria no Brooklyn.

Eu acompanhada em uma tarde morna no Lago Norte.

O que é ilusão e o que é verdade, não sei. Hoje, a solidão me parece ilusão.

E o companheirismo, verdade.