7.3.09

Notícias de um Sábado ensolarado

Hoje escrevo com um aperto no peito. De saudades, de medo, de antecipação.

A cidade acordou com o calor de seus 17 graus e com jeitão de Brasília - e as filas no caixa do Pão de Açúcar onde se vê carvão, carnes e cervejas; frutas e bermudas; chinelos e famílias. As pessoas aqui no centro batem perna cheias de sacolas, sem pressa, esperando a vovó caminhar. Escolhem os restaurantes pelos seus menus estampados nas portas de entrada, e as crianças só querem saber se tem franguinho.

Eu respirei fundo e, me sentindo uma égua com aquele tapa-olho no cabresto, rumei pra biblioteca. Mas eu esqueci em casa meu apetrecho pras lembranças e esse aperto no peito - e eles foram inevitáveis. As minhas lembranças parecem pertencer a outra pessoa, aquela que fui, até deixar de ser. Fica a sensação de vazio, as saudades da vida que foi minha por tanto tempo, o medo de não pertencer a nada como eu pertencia àquele pequeno Lago Norte (e ao colo da mamãe) e a antecipação nervosa do que estará por vir.

Pelas imponentes janelas da biblioteca central eu vejo, nesse exato momento, o Sol, iluminando o topo dos prédios. Ele está lá, com parte de mim, e eu sigo escrevendo relatórios.

2 comments:

DAUGHTER NATURE said...

Ju, aqui também fez um fim de semana ensolarado, com a cara de Brasília!!! Tô até vermelhinha!

Aproveitei pra ir pra rua, passear pelo Rastro, comer sardinhas assadas e tomar sol na praça...

Apesar da diferença - aqui não há filas pra comprar carvão nem supermercados cheios de crianças - deu pra reviver o prazer de um fim de semana ensolarado.

Da próxima vez, corre pro Central Park pra fazer seus relatórios ao ar livre.

Beijo!!!

Hélio Sales Jr. said...

Não sei ao certo se houve sol ou não em Brasília ou no Rio, onde estou agora, porque tenho vivido de noites e alcool. E talvez porque me sinta extremamente decepcionado com a percepção de beleza e poesia em todas as coisas e acabar... escrevendo relatórios. Acho que se não pudéssemos escrever e exorcisar nossas inconformidades onde quer que fosse, estaríamos todos num enorme hospício.

*

Saudades de você.