1.7.11

Uma menstruação (entre várias)

Sobre a (minha) mestruação, sei que os bons ares de novos tempos precedem o escorrimento do filho que não foi. A vida começa a ter outro gosto, todo mês é exatamente assim, e em poucas horas recebo a companhia dos próximos dias: minha menstruação. Não falha - a dança é a mesma todo mês, assim como a surpresa.

Eu não tomo pílulas anticoncepcionais, nunca sei quando ela virá. Ela vem quando bem entender, e eu, como não haveria de ser diferente, estou sempre pronta a lhe esperar. Acho interessante e meio cômico como, para ela, minha memória se esvaia: me esqueço da tensão pré-menstrual, me esqueço dela. Todo mês aquela dança começca assim: com péssimos dias (às vezes beirando o fim do mundo), e eu, sozinha, sempre nunca entendo. Mas por que? Por que? E então decido dar a volta por cima, cuido do meu estresse, chacoalho o que há de mal e me sinto uma vencedora renascendo das cinzas. Bebi muita água, vou ao banheiro, e a vejo lá, a borrar minha calcinha: ahhhhh. Então era isso.

Fico satisfeita por uns momentos, de saco cheio do movimento ingrato que é ter um fluxo de sangue involuntário saindo de você o dia inteiro, aí passa. A vida segue, volta ao normal, e eu me esqueço que sequer já passei por isso. Até a próxima mudança de humor inexplicável.

Nunca quis contar essa besta história por aqui, apesar de, todo santo mês, dar risadinhas sozinha no banheiro sobre esse bobo acontecimento e impressionante novidade periódica. A dúvida entre o quanto do meu mau-humor, ou do consequente bom-humor, eu deveria aos tais hormônios sempre me castigou um pouco. Duvidei da força dessa força, até eu que sempre acreditei no meu corpo. Mas experiência faz isso com a gente - mês após mês de sucessivos esquecimentos e uma grande lição vai se fortalecendo: essa ingrata, mas bem-vinda, visitante, tem um efeito sobre mim...

Hoje te agradeço. Não sei se foi você, descamação do endométrio, ou se foi o bolo com café que comi no intervalo. Não sei se foi você, balanço hormonal, ou se foi o delicioso bate-papo com ela. Mas hoje, dia de sua chegada, agradeço sua existência e te levo pra passear assim, mais suave, mais leve, mais solta (e sempre livre!).

1 comment:

Daya said...

Ju, tb sempre tenho isso desses dias de querer morrer e matar e sofrer e depois percebo que era tpm.. hahahahah

=*