20.7.11

Felicidade condicionada

Cresci ouvindo que não deveria condicionar minha felicidade a nada. Acho importante aprender a guiar e escolher alguns caminhos, inclusive escolher e permitir a alegria dentro da gente. Mas essa lição é perigosa, olha o truque: a gente pode começar a achar que a felicidade é como uma purpurina lilás, abstrata, que mora dentro da gente e independe de qualquer outra coisa. A pegadinha mora aí.

Por muito tempo nada me fazia feliz, gargalhava em resposta a graças, mas, feliz feliz, não era. Como eu sei que não era felicidade? Sabendo. E, sendo a felicidade incondicional, o problema em não tê-la era meu, somente meu. Como dói a alguém doído essa crença.

E com a descoberta, aparentemente tão óbvia, da condicionalidade da felicidade, ganhei mais leveza nas minhas tristezas e alegrias. Das tristezas, já as descobri: são fortes e mais bonitas. Das felicidades, venho descobrindo aos poucos, como um jantar de degustação servido em várias etapas. Não se sacia a fome completamente, mas com o paladar, meio tato misturado com olfato, vou percebendo-a em cantinhos da vida espalhados lá e cá. Cada mordida com um gosto especial, e quando eu achava que não poderia melhorar, muda o tempero, e a cara da festa.

[ai que medo de muita alegria junta]

Mas digo isso por perceber mais uma alegria, essa alegria de condicionar minha felicidade às coisas (que são pessoas, lugares, momentos). Parece feio, mas tô achando bonito. Parece mesmo acordar de um sono profundo, e abrir aquele sorriso preguiçoso ao sentir o cheiro do café vindo da cozinha. Responder aos ocorridos da vida. E que bom quando são gostosos.



I'm scared of the middle place
Between light and nowhere

Antony and the Johnsons - Hope there's someone

1 comment:

DAUGHTER NATURE said...

Uau, Ju! Que coisa linda de se dizer! Fiquei emocionada. Me tocou. Também ando vivendo coisas/momentos lindos lá e cá!

Bjos de amor no coração.

Eta.