1.2.11

Uma incerteza

Quero aquele cerne não-afetado de volta, mas será que era ilusão?
Às vezes sinto aquela pérolazinha dentro de mim, e a acho brilhante independente de qualquer outra coisa (e transformo mais grãos e grãos em pérolas). Outras horas, como essa (a uma hora da manhã), sinto que não tem nada de sobra aqui dentro, minha alegria e tristeza são como os ventos que batem por aqui, e viro eu inteira um dente cariado hiper-sensível que sente o frio até os ossos, se é frio que faz do lado de fora. Altíssima condutividade, eu, quem diria.

É porque não sei direito de que sou feita. Ou às vezes me esqueço. Veja bem, é difícil lembrar-se sempre, pelo menos pra mim, que sou feita do que sou. Eu nasci meio sem saber, achei certezas falsas em vários pedaços do caminho, julguei ter me libertado com a leve falta delas, e então surge um inesperado e bonito pilar nessa incerteza. Mas até ela se vai, com pequenos enraizamentos acidentais por aí - ops, criei raiz! Eu era algo, ou achava que o era, depois o desconstruí inteirinho, e sem querer acabei meio que construindo outra coisa qualquer. Que agora será posta à prova: olha só, vou voltar pro lugar de onde vim. E não sei o que do novo resistirá ao velho.

2 comments:

Ruth said...

"Eu nasci meio sem saber, achei certezas falsas em vários pedaços do caminho, julguei ter me libertado com a leve falta delas, e então surge um inesperado e bonito pilar nessa incerteza".

Das incertezas que nos fazem crescer. Tão humano!

Daya said...

Linda, bird by bird, lembra?

Tamo junto sempre.

=*