7.12.10

A triste história da menina que não disse adeus


Desenhava uma vida linda, tinha tudo que uma trama precisa para dar certo. Sabia bem se comprometer, não tomava decisões apressadas, orgulhava-se de não ser capaz de machucar a uma mosca. Despediu-se de muitos caminhos errados, e arduamente talhava sua história nessa vida onde seu sobreviver era viver.

Mas ela não disse o adeus que a libertaria. Não compreendia o tamanho das amarras de suas perfeitas decisões. Teria já idade suficiente para poder culpar seus pais, se rebelar, e seguir em frente; mas ela jamais o faria. Escreveria e seria a personagem principal de uma odisséia de auto-ajuda - na qual, bravamente, sobreviveria às maldições de ser quem era e ainda não despejaria sequer uma gota de sangue. A cada tropeço em seu caminho pré-moldado, não culparia o molde; sempre a condutora. Nunca cairia, e a cada obstáculo fincaria seus pés mais e mais profundamente. Sua vida não passaria de uma tentativa de auto-convencimento - testaria sua hipótese em seu corpo, cientista e rato ela mesma, somente para poder dizer: sim, posso confirmar minhas crenças. Sempre as confirmaria.



Nessa história de sempres e nuncas, ao passar por ela uns sorriam, outros choravam.

3 comments:

Hélio Sales Jr. said...

...e passou sem perceber pelo portão do talvez...

. said...

deixou um comentário mais lindo que o texto inteiro, helinho lindo. brigada! :)

Giovani Iemini said...

putz, que beleza isso aqui.

aliás, todos os seus textos falam de maturidade e despreendimento, coisas que estão sendo muito importantes para vc neste momento.

escreva sempre. no futuro jamais conseguirá repetir essas idéias.

bjks