28.5.10
Melancolia
Uma palavrinha engraçada. Engraçado é ela não sair da minha cabeça. Eu faço um exercício sempre pra prestar atenção no que sinto (porque pra mim é tão fácil não me atentar a nada do universo dos sentimentos), e me surpreendo várias vezes. Quase sempre o sentimento pula na minha frente, e feita de linguagem como sou, ele normalmente vem acompanhado de uma palavra. A palavra hoje é melancolia, e ela não me sai da cabeça.
E eu aqui, sentada, tomando meu vinho, pensava, mas o que é mesmo melancolia? É diferente de tristeza, é diferente de saudades e de nostalgia. Será onde essas três se encontram? Ela, como todo sentimento, nunca será completamente acessível pelo mais vasto vocabulário. Eu tomo um vinho, ouço minha música. Sinto saudades, mas não tantas. São fortes, mas nada específicas. De algo que não sei bem, um ser que eu um dia fui. As pessoas queridas disparam essas saudades, mas as saudades não são só dessas pessoas. E têm a tristeza ao seu lado, mas não muita. Forte, mas não ruim. Aquela tristeza bonita, sabe? De uma musica triste-bonita, um quadro triste-bonito. Uma mulher triste-bonita. Uma tristeza que mora em mim.
Hoje eu saí na rua e recebi elogios. Uma moça triste-bonita passou por vários moços, e eles repararam na beleza. Achei bacana, uma crença se foi. Aquela crença que não me servia mais de que bonito só o sorridente. E que os outros só achariam bonito o sorridente. É bem bonito também sair de casa num dia sem tantos sorrisos. O ar fresco cai bem, a viagem no metrô faz companhia. E um sorriso, ainda que tímido, sempre aparece.*
*Saber da melancolia coloca ela ao meu lado, ela me acompanha, e eu não sei bem o por que ela está aqui, mas está, então vamos passear. E hoje meu dia que tinha nascido para ser um dos piores, botou a beleza, e o sorriso, na melancolia. Um obrigada à minha amiga Marina por me lembrar do sorriso.
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