1.3.10

Eita Lá Lá

De manhã no outro dia a vida segue - o momento dura. Ao olhar pra baixo e me encharcar de fotos e lembranças de um país-casa inteiro meu, atribuo meus sorrisos àquele povo, brasileiro, que me confessa seus medos no consultório médico, me ama enquanto durar aquela dança, me sorri uma gargalhada desdentada. O Brasil parece ser um dos lugares mais propícios para ser feliz, e meu movimento de deixá-lo foi contrário não só à minha infância, mas à peregrinação de quem me gerou. Minha mãe era uma brasileira nascida no além-mar, e de Norte a Sul, acabou caindo no centro do meu país. Não foi Deus quem quis que lá eu nascesse e me criasse. Foi ela, e que sábia decisão.

Por conta disso me sinto quase uma traidora ao fazer o movimento contrário. Experimento o ser imigrante, que só agora me faz compreendê-la quem sabe um pouco melhor. Experimento também, em proporção infinitas vezes menor, o ser norte-americana, e a entendo melhor ainda. O Brasil parece ser um dos lugares mais propícios para ser feliz.

Então me aperto toda de saudades. E muita gratidão.

E ao levantar a cabeça, me deparo com um lugar cheio de coisas, muitas coisas. Vejo lustres exuberantes em estações de trem, e pessoas procurando comida nos latões de lixo. Ouço Toquinho na rua, e também pássaros antes desconhecidos. Sinto o Sol como aquele que me acordava no Lago Norte, e o cheiro do frio. Tudo fica cinza - mas cinza-bom. Cinza de confusão, a confusão à qual me referia anteriormente. No meio das minhas saudades, surgem bolsões de alegria do que ainda é - Nova Iorque. E outra gratidão.


1 comment:

liapadilha said...

Linda!!! Adorei!!! Só Acho que o Brasil não é o lugar mais propício para a felicidade. Acho que o lugar mais propício pra felicidade vc encontra dentro de você... e daí pode ir para todos os cantos no mundo q ela vai estar lá te acompanhando. Te amo muito! Lia