E o que vem depois do Grande Acontecimento?

Acho que estamos acostumados demais a ver a vida em seus benchmarks, seus grandes acontecimentos. Restrospectivas comumente reportam datas de graduações, grandes perdas, mudanças, prêmios.

Começamos a acreditar que tudo acontece derrepentemente, o clímax chega, e aí é pura alegria extrema, ou tristeza extrema. Olhamos pra trás e vemos, mesmo que ainda poucos (mas normalmente, como em meus poucos vinte e poucos anos, parecem muitos), os momentos de mudança de script - foi ali que minha vida deu uma reviravolta - e eu aguentei.

Parabéns. Claro, aguentamos muitas mudanças, superamos muitas dificuldades, nos graduamos em muitos níveis.

Mas graduações, e grandes tristezas, têm seus prés e pós. Os dias, em um dilema que se assemelha a tortura para mim, contêm em si todas as possibilidades do mundo, e uma dependência inata ao grandes acontecimentos de ontem (e amanhã).

Como usar todo o potencial inovador do hoje, sendo que hoje são apenas umas horas estendidas do ontem?

Acho que o primeiro passo é saber que hoje também é um pouco de ontem. E não viver na ilusão da biografia que virá (aquele livro onde constará O Dia D, seja Do que for).

O difícil, e o prazeroso, da vida é o hoje. Tanto faz se ontem o mundo passou a girar pro outro lado; é hoje que teremos que viver a vida ao avesso.