21.4.09

Medo

A vida são opções e cálculos de probabilidade. Na verdade, ela tem todas as opções do mundo. Do abuso de drogas à Yoga vegetariana de pernas peludas e camisetas de ohm. Da vida completamente vivida à opção final, o fim dela. E não, não é preto no branco. Entre a vida e a morte são muitas as categorias, vários tons de cinza. Todas permeáveis. Mesmo que nos esqueçamos disso.

Todo santo dia eu tenho a opção de morrer. Opção, e não apenas chance. E sigo encantada acreditando que devo engolir o que o ser supremo me enfiar guela abaixo - nananinanão. Se estou aqui te escrevendo, é porque eu quero.

E essas possibilidades, muitas possibilidades, assustam. Aí seguimos católicos fervorosos adicionando comportamentos e mais comportamentos à lista de pecados, num desejo sem freios de diminuir um pouco o número delas. Facilitar a vida. Tirar a responsabilidade das decisões dos nossos ombros.

Eu entendo. Como entendo...

Mas não sei de onde surgiu uma coragem repentina, e eu de repente sinto medo. Coragem de sentir medo. Medo de estar morando na cidade errada, comendo a comida errada, fazendo o mestrado errado... Com sorte, se eu aguentar esse furacão passar e terminar descabelada, mas viva, tiro esse peso dos ombros - e o incorporo a mim. Ah, andarei mais grandiosa, vistosa, e como uma mestre na matemática da vida, após analisar as variáveis, escolho. Com grande probabilidade de acertar.

4 comments:

DAUGHTER NATURE said...

Ju, como diria o bom e velho Raulzito... nao sei onde eu to indo, mas sei que to no meu caminho...

E que se fodam os pecados católicos!

Juja, amei o texto! E a gente se vê por aí... descabeladas, desesperadas, rotas, esfarrapadas... como tiver de ser.

Mas com um sorrisao enorme na cara e muito samba no pé.

Né nao?

Saudades de você! Beijos, beijos.

Hélio Sales Jr. said...

Admitir o medo, as possibilidades da morte, a opção de morrer à la carte a qualquer momento, tudo isso requer uma coragem - ou desespero - tão grande que eu me olho no espelho e vejo você. OK, pode ser muita exposição de minha parte falar isso aqui, mas eu andei pensando na última semana sobre isso. Não vai dar, eu já li os outros posts e vou ter que te escrever um email. Aguarde.

Antônio Padilha said...

Eu me achava até safo nessa historia de probabilidade e estatística. Com o tempo aprendi que ainda tinha muita coisa pra aprender.

Por exemplo, da mesma forma como algumas opções nos são censuradas, outras possibilidades fúteis nos são estampadas como fundamentais a existência.

Acho que o jeito é manter o olhar bem atento. Atento ao simples, aos prazeres, ao grande, aos detalhes da vida.

Beijo!

Mônica Padilha said...

Comentários a altura do texto!!