Passei o final de semana doente, na cama.
A enfermidade, não sei.
Pode ter sido cólica, pode ter sido gastrite, pode ter sido o caco de vidro que veio na minha comida chinesa e eu mastiguei e engoli.
Mas a verdade é que a cada sintoma, uma dúvida: "e se for algo mais?". Pirei. Enlouqueci. Imaginei os cacos de vidro perfurando meu esôfago, e, meu Deus!, estaria contaminada em minutos, meu sistema imunológico não conseguiria conter aquela invasão não-planejada de microorganismos na minha sagrada cavidade torácica ou, quem sabe, até na abdominal? Seria essa invasão capaz de me causar uma septicemia? Em quanto tempo eu saberia se estaria entrando em choque séptico? Meu trato digestório não só seria meu maior contato com o mundo externo, agora o mundo externo estaria dentro de mim e eu logo faria parte dele.
(Confesso já ter duvidado da minha mortalidade.
Quando eu era pequena e sofria de delírios de grandeza, eu e outras como eu nos juntávamos e desbravávamos a pé os cantos de todas as cidades pelas quais passávamos.
- Mas vocês estão loucas! Belo Horizonte é uma cidade perigosa!
- Não se preocupe, estamos em três.
E três meninas de 15 anos eram invencíveis naquela época. Não se faz mais coragem como antigamente.)
Nesse final de semana, senti medo de morrer. E depois, medo de estar louca.
Foi ruim enquanto durou.
Mas talvez o medo de morrer seja mais adaptativo que a fantasia de invencibilidade. Cautela e cuidado, um recém-descoberto cuidado comigo. Esse corpo aqui, eu quero que dure por bastante tempo. Hoje, não o quero apenas bonito - o desejo funcional. Ontem fui ao cinema e comi pipoca. Com manteiga. Sempre gostei de manteiga, minha mãe me chamava de grandma Carol quando eu, como minha avó, repassava a manteiga na torrada após ela estar derretida (se eu não a vejo, ela não está aí). Cheguei em casa embrulhada, e tive uma epifania! - eu não gosto de comida com arrependimento. Comida que é boa na hora, e ruim depois, não vale a pena. Ela tem que ser boa na hora e permitir que as horas seguintes também assim sejam. Boas.
Talvez.
1 comment:
Estou aqui me deliciando um pouco com seu fotolog. te amo e amo esse vídeo aí do Dorival e Chico. A gente se encontra em Brasília. Viva 2011.
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