23.6.10

O lugar e as pessoas


e por que bem quando sabemos que o fim se aproxima nos aproximamos deles?
não cabem em mim todas as pessoas e lugares que me encantam. enquanto o contínuo espaço-tempo não for quebrado eu sigo com minha atividade diária de aprender a lidar com a ausência que uma presença determina. faço com a vida o que aprendi a fazer no papel: construir o que há a partir do que não há; a luz a partir da sombra, o dentro a partir do contorno do fora (que nada mais é que a ausência do dentro).

porque só agora sei o que estou perdendo.
a vida são as ilhas de presenças num mar de ausências.

agora sei em que ilha estou. posso ver muitos de seus cantos, e apreciá-los contrastados com o grande azul de seus oceanos - onde moram as riquezas inacessíveis, meu baú de tesouros (os quais me doem umas saudades de tempos em tempos).

então sei em que ilha estou, e só agora consigo vê-la. tem gente que só veio me conhecer nela, há quem ainda ache que vivo em outra.

nela eu posso muito, ela me recebe como uma mãe, e me nutre daquilo que é necessário. me aceita, me adota como fosse de sangue. me incorpora, mas me deixa ir. e eu sei que posso voltar. sou parte dela como ela é de mim. eu sou um de seus tesouros e ela é um dos meus.

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