11.9.09


Sou uma multidão, certo? Mas tem horas em que me assemelho mais a duas metades, quase absolutamente incomunicáveis.

Sempre digo que minha dificuldade não é tristeza, nem atribulações da vida; tenho certeza da minha capacidade de adaptação em qualquer circunstância. Isso vai da perda de minha mãe a uma viagem cheia de perrengues; de uma casa no campo a um apartamento em Nova Iorque. Papai e mamãe me educaram muito bem, e me porto como uma princesa nas mais diferentes situações.

O difícil às vezes é desadaptar. Relembrar o que, daquele novo contexto, é mecanismo de adaptação e o que é você (como se pudéssemos distinguir uma parte do ser pura e absoluta). O difícil é fazer a ponte.

Hoje encontrei uma, facilmente acessível, dificilmente digerível. Encontrei memórias da minha mãe, em forma de fotografias e comentários, que foram um mergulho em que eu era (e sou, e serei...). Uma criança um pouco diferente da que sou hoje. Ainda filha.

Hoje, tento inventar uma terceira pessoa, parte filha, parte órfã. A órfã quer seguir em frente, a filha não quer mudar se não aos olhos da mãe.



1 comment:

Hélio Sales Jr. said...

Só tenho um suspiro a deixar aqui. O resto é supérfluo...