Começo, animada, mais uma etapa da minha formação. Espero ser mestre de alguma coisa daqui a dois anos para merecer o título.
Mudei de área, anos de terapia depois. Foram necessários uns 3 para eu perceber a possibilidade de minha opção pela biologia ter sido fruto de influência dentro de casa. Mamãe, Papai e irmã sempre foram biólogos exemplares, coisa de cinema! Mais um ano pra criar coragem, e cá estou.
A faculdade é grande, professores experientes, ambiente diverso. Mas o status mesmo se percebe logo ao descer do metrô: nas placas da estação lê-se o nome da universidade. Estamos, eu e meus colegas de instituição, em todos os mapas de transporte público da cidade de Nova Iorque. As aulas são todas preparatórias - como fazer pesquisa em psicologia? Falamos de paradigmas, lemos sobre variáveis, e sobre a importância da pergunta certa.
Eu tenho uma pergunta, entre várias. E, como primeira tarefa, deveria mandá-la à professora. Após extensiva pesquisa bibliográfica, percebi que era a primeira a me fazer aquela pergunta. Ou a primeira a pensar em respondê-la. Cheia de mim, a enviei.
"Conceito novo, não pesquisado ainda, não vale a pena. Por que não algo mais relacionado à sua área, algo que já tem muita pesquisa, como erros de concepção em ciência ou o uso de modelos no ensino de ciências?".
Eu e meu orgulho fomos juntos para o ralo.
E, além da ferida nele, ficou uma tristeza. Uma desesperança. Minha professora de ciência e sua lição: entre na onda, não nade contra a maré, pegue essa corrente e vá. Siga redescobrindo o que já está descoberto. Siga reproduzindo os métodos, achando respostas para perguntas já esquecidas. Esqueça a pergunta. Como se já soubéssemos a resposta de tudo, e agora podemos ser os próprios ratos de laboratório, correndo na esteira sem sair do lugar.
Nos envolvemos com a burocracia, com a comodidade e com a rotina, e deixamos pra lá nossos objetivos. Inventamos alguns imediatos para sairmos da cama pela manhã.
E onde foi parar nossa curiosidade e criatividade?
1 comment:
Caramba Ju, que bonito o seu desabafo! Adorei! Me emocionou...
Beijos da Eta
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