
"Eu sei", eu lhe disse, "sei do céu e do mar". E brincando de professorinha, aquela criança me dizia: "se não dança, não sabe". E eu repetia, "eu sei", enquanto seus pés se arrastavam nas areias desenhando no universo curvas perfeitas, "eu sei", e a umidade fértil se encantava com os movimentos e enchia meus pulmões, eu a expulsava dizendo "eu sei, eu sei do céu e do mar".
E aqueles grãos pesados entre meus dedos não me deixavam correr, "eu sei, me deixe te provar", aquela falta de atenção me irritava e eu não sabia mais e comecei a me cansar, cansar... Cansada, parei. Não me importava mais, e caí. E no abismo entre o céu e o mar, me vi lá - no infinito azul. Pequenos dedos me afagavam, e sorriam um entre-orelhas não-palavra. Com uma não-palavra, respondi. E ela voltou a sorrir, e eu então entendi.
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Al otro lado del río - Jorge Drexler . . . . . .
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Al otro lado del río - Jorge Drexler . . . . . .
1 comment:
Fico cada vez mais convencido que não-palavras são as que realmente importam, e que, as vezes, por mais que elas insistam em gritar, são as mais difíceis de ouvir.
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